A importância do trabalho remoto na nova Low Touch Economy

Este sou eu, no ano passado, tentando convencer o mundo que o trabalho remoto era possível:

Guillermo Bracciaforte no TEDx Córdoba, 09/2019, diante de mais de mil pessoas, lidando com o medo do palco.

Há apenas oito meses, após sete anos acumulando conquistas na Workana, ainda tínhamos que remar na contracorrente do trabalho tradicional. Há três meses, eu apresentava a plataforma como “O futuro do trabalho: digital, remoto e freelance”. Mas de um dia para o outro, as regras mudaram radicalmente e passamos de um cenário prévio onde isto ainda era opcional, para termos que trabalhar em casa, queiramos ou não.

Assim foram evoluindo as buscas por “trabalho remoto” frente a outros termos relacionados ao trabalho. Vemos um pico marcante nos últimos meses.

Nós tivemos que nos adaptar ao digital em tudo para sobreviver e ponto. Até meu pai, que tinha terror de usar o cartão de crédito online, baixou o App do Mercado Livre… Com certeza já deve ter notado que a empresa trocou seu logo com o aperto de mãos por cotovelos se tocando? Excelente!

Como as diferentes indústrias foram afetadas pela pandemia?

Vamos começar pelo lado ruim: o golpe para os ramos de turismo, advertising, retail e mobilidade foi brutal e tem causado algumas antitendências interessantes, como a recuperação do transporte particular (esperamos que ao menos inclua consciência ecológica com ênfase em bicicletas e carros híbridos). Por outro lado, ramos como os de tecnologia para videoconferência, delivery, saúde, telemedicina e entretenimento andam nas nuvens.

Até o momento, o balanço geral da pandemia tem sido positivo para a Workana. Entendemos que isso é resultado de uma crise que não nos agrada, mas os números não mentem.

Assim que a situação começou a se complicar na Espanha – país que serviu para grande parte do mundo como país teste –, começamos a observar um aumento na quantidade de pessoas se registrando para serem freelancers. Em aproximadamente um mês, passamos de uma média de 20.000 a 30.000 por semana. Um crescimento impressionante de 50%. A quantidade de freelancers logando na plataforma também passou de 50.000 para 65.000, aproximadamente.

Em parte, isso pode ser indicar que algumas pessoas estão perdendo seus empregos fixos e tentando encontrar uma nova fonte de renda online. Mas também podemos pensar que esse aumento está relacionado com que as pessoas tenham mais tempo livre em casa e se interessem por explorar o modo de vida freelance.

Do lado dos clientes, é interessante ver como a quarentena foi afetando-os inicialmente de uma maneira, e depois de outra. Quando começou a incerteza, foram tomadas decisões massivas de “congelar tudo”, o que diminuiu a quantidade de clientes na primeira etapa. Mas por volta da semana 10 da quarentena, as empresas começaram a entender que precisavam se adaptar a uma nova normalidade (trabalhar em casa, digitalizar-se, vender online, etc) e essas mudanças começaram a inverter a tendência.

Por volta da semana 15, o número de clientes já era ligeiramente superior a quando começou a pandemia, pois aumentou a demanda por profissionais especializados em transformação digital.

A nova Low Touch Economy: Economia de baixo contato

O que está por vir? Sobre o quê falaremos nos próximos meses? Apesar do otimismo com as vacinas, estima-se que só poderemos voltar a um estado similar ao pré-COVID no início do ano que vem. Porém, o mundo não pode mais ficar parado, então, devemos voltar à arena sob as regras da nova “low touch economy”.

Em linhas gerais, isso significa que o distanciamento social, as restrições de mobilidade e o cuidado com a saúde serão prioritários em todos os aspectos do trabalho, estilo de vida e convivência social.

Quais são as novas tendências “Low Touch” no mundo do trabalho?

As empresas mais modernas, como Google, Facebook e Twitter, para mencionar algumas, foram as primeiras a mandar seus funcionários para casa e não possuem nenhuma pressa em fazê-los voltar ao escritório. Na verdade, muitas já estão adotando um modelo remoto permanente. Na Workana, fechamos o escritório desde antes da quarentena ser oficializada. Em parte, porque já estávamos bem acostumados ao teletrabalho, mas também por uma questão de responsabilidade social.

Mas e as empresas que fizeram isso com certa relutância, porque era a única alternativa? Elas estão percebendo que não precisam tanto dos escritórios como pensavam e, inclusive, estão economizando recursos.

WFH (Work From Home) se torna PRO

Pode ser incômodo trabalhar em casa quando não temos o suporte e as ferramentas adequadas. Agora, a tendência é adaptar o máximo possível o espaço de trabalho a nossas necessidades em termos de produtividade e ergonomia. Para muitos, como é o meu caso, basta um monitor grande, uma cadeira confortável e um bom teclado, porém, alguns profissionais precisarão “ir além”. 

Por exemplo, penso nos atores de dublagem da Netflix montando pequenos estúdios com isolamento acústico no closet. Ou em trabalhadores da indústria têxtil recebendo as matérias primas por correio e trabalhando nas máquinas em casa. Cabe esperar que as empresas se acostumem a prover as ferramentas de trabalho remoto que seus empregados precisam.

Rompe-se a barreira entre nosso “eu” do trabalho e nosso “eu” domiciliar

A estante de livros que aparece atrás de mim em todas as vídeo-chamadas de trabalho deixa claro que, além de CEO da Workana, sou um nerd, um fanático por Star Wars, anime e Senhor dos Anéis. Também não é estranho que meu lado de pai de família transpareça. 

Às vezes, trabalhar em casa significa desconstruir a barreira do privado, no bom sentido, para sermos capazes de gerar mais empatia. Até mesmo quando a perda de privacidade vai além do que queríamos (ou planejávamos), esses momentos se tornam divertidos e ajudam a aliviar a tensão que estamos vivendo.

Super digitalização do trabalho

Antes, falávamos de trabalho remoto e pensávamos em designers e programadores. Hoje em dia, instrutores de academia, psicólogos, médicos, coaches, contadores, advogados e até mesmo babás baixam o Zoom e Instagram Live para poder continuar oferecendo consultas e assessorias online. E tudo indica que, mesmo quando passar o risco da pandemia, muitos profissionais e prestadores de serviços continuarão nesta mesma linha por uma questão de praticidade e custos.

Maior ansiedade e depressão pela solidão

Se, quando era voluntário, o trabalho remoto já carregava o estigma de provocar isolamento e depressão, hoje em dia, em pleno contexto de pandemia, estes sentimentos tendem a se incrementar e podem chegar a saírem do controle. Na Workana, entendemos que estar longe não tem por quê significar estar desvinculados, e por isso fazemos de tudo – incluindo festas virtuais nas sextas à tarde – para continuar promovendo o espírito de socialização saudável.

Não deixa de ser fundamental enfatizar a importância de não negligenciar a importância da atividade física, do autocuidado e da comunicação constante, mesmo que por chamadas de vídeo, com nossa família e amigos.

Reskilling massivo

Estamos experimentando níveis históricos de desemprego, especialmente em países como os EUA, onde as políticas laborais são mais flexíveis e as companhias podem contratar e despedir pessoal com facilidade. O panorama atual é muito pior do que o da grande recessão, com quase seis milhões de desempregados em menos de três meses.

Alguns recuperarão seus mesmos empregos, mas para outros, esses empregos irão desaparecer do mapa. Todas estas pessoas terão de fazer um reskilling de emergência para se adaptarem às novas demandas do mercado. Na Workana, já estamos trabalhando com instituições, como o Banco Interamericano de Desenvolvimento, para encontrar estratégias que nos permitam ajudar muitos destes trabalhadores a encontrar um novo lugar na indústria e continuar desenvolvendo suas carreiras.

Como os negócios estão se transformando?

Embora algumas empresas estejam completamente paralisadas, outras apostaram em equipes ágeis, capazes de se adaptarem a um entorno incerto. O trabalho AGILE implica em conhecer as habilidades de nossas equipes, estabelecer objetivos curtos e ambiciosos, medir, implementar, aprender, crescer. Isto nos mantém em movimento.

Claro que, para isso ser possível, é vital fornecer todas as ferramentas tecnológicas necessárias (como softwares de trabalho colaborativo e plataformas de contratação freelance), ter a capacidade de acessar de forma rápida e eficiente certas habilidades ou especialistas, quando não for possível contratar em tempo integral para projetos específicos… Enfim, criar uma força de trabalho sem fronteiras, flexível e dinâmica.

Por outro lado, muitas empresas tratam de se adaptar abrindo canais online de acesso direto ao consumidor, combinando modelos que tipicamente eram B2B com estratégias B2C. Também começaremos a ver por todos os lados fábricas e restaurantes reprojetados, promoção de eventos online, desenvolvimento de mais robôs e inteligência artificial, serviços e não só produtos que podem ser oferecidos à distância, certificações de “livre de coronavirus” em espaços, alimentos e produtos, mais transportes particulares, pagamentos e entregas sem contato, e uma lista enorme de mudanças.

Sua empresa já está pronta para enfrentá-las e continuar sendo competitiva?

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