Healthy Home Office: Aspectos Psicológicos do trabalho em casa durante o distanciamento “social”

De repente, toda nossa vida gira em torno de telas e os limites entre a vida pessoal e o trabalho parecem ter desaparecido. E agora, como permanecemos sãos nesse contexto? Como passamos pela experiência de nos tornar remotos? No papel de líderes, como estamos acompanhando nossas equipes? Como se sentem nossos colaboradores? Estamos pensando no bem-estar das pessoas? Especialistas nos ajudam a aprofundar nos aspectos invisíveis do trabalho remoto em tempos de quarentena.

Talvez, suas equipes estejam trabalhando remotamente pela primeira vez. Como líder ou gestor, é preciso ter consciência de que esta não é uma circunstância ideal. O contexto atual é muito mais complexo do que o simples fato de decidir adotar o trabalho remoto. 

Neste momento, precisamos considerar inúmeras variáveis para que trabalhar em casa não seja somente possível, mas também resulte em uma experiência positiva. Por isso, decidimos focar nos potenciais efeitos adversos do distanciamento social e do home office nas equipes e no que os líderes podem fazer para colaborar com a construção de um ambiente onde se possa continuar trabalhando da melhor maneira possível.

O contexto

Um terço da população mundial está vivendo algum tipo de confinamento ou quarentena. Trata-se de um cenário nunca antes visto, que envolve diretamente 2.6 bilhões de pessoas e impacta em suas vidas diárias, rotinas, organizações familiares e em seus trabalhos.

Segundo o World Economic Forum, isto poderia provocar uma epidemia secundária de “burnouts” e doenças relacionadas ao estresse nos próximos meses. Trata-se de um trauma invisível que gera feridas psicológicas. Nas pessoas que estão “confinadas” com seus filhos, o impacto na saúde mental tende a ser ainda maior. Estudos apontam que 28% dos pais/mães em quarentena demonstraram “transtornos traumáticos relacionados à saúde mental”.

Por esses motivos, é essencial saber agir agora para trabalhar sobre os efeitos nocivos do confinamento.

O contexto atual é desafiador para todas as pessoas, inclusive para aquelas que já tinham experiência trabalhando em casa. O isolamento obrigatório (ou necessário), somado à ameaça global que implica a pandemia, nos fazem sentir diferentes e alteram o ritmo e os esquemas nos quais estávamos acostumados a funcionar.

Gestão de tempo e produtividade

O primeiro passo é entender que este contexto afetará a produtividade. Este entendimento é necessário para que possamos perceber com honestidade e clareza o quê está acontecendo ao nosso redor, tanto de forma coletiva como individual.

A incerteza, o estresse e as novas tarefas fazem com que nosso cérebro funcione fora de sua zona de conforto e precisamos encontrar novas formas de canalizar nossa energia. Basicamente, somos obrigados a voltar a nos conhecer.

Por isso, não podemos esperar ter o mesmo rendimento, por mais que estejamos em casa, em um lugar aparentemente conhecido e supostamente com mais tempo disponível.

Neste contexto, falar de gestão de tempo se torna fundamental. Temos que fazer um exercício constante de empatia e nos colocar no lugar do outro. Reconhecer nossa própria realidade, aceitá-la e transmiti-la aos demais.

O jogo mudou. E agora, como ajustamos a produtividade nesse novo contexto?

Nosso desafio pessoal será procurar o equilíbrio entre o trabalho, os aspectos recreativos, o acompanhamento dos filhos e os afazeres familiares. Mas também precisamos assumir o desafio organizacional de compreender as diferentes realidades e criar processos flexíveis que as contemplem.

Por que falar de Healthy Home Office?

Conversamos sobre isso com Marlene Pruvost, formada em Psicologia e Responsável pelas Operações da Consultora Gestal. Sua visão é a seguinte:

“O trabalho remoto requer a adoção de certos hábitos para diminuir a sensação de que o limite entre a vida pessoal e profissional está desaparecendo. Por isso, é importante que as pessoas e organizações tomem consciência sobre as principais boas práticas que devem incorporar para manter um ritmo de trabalho mais estável, produtivo e que contemple o bem-estar dos colaboradores. Além disso, é importante falar sobre isso em um momento como este, onde uma grande porcentagem da população se vê forçada a trabalhar em casa pela primeira vez e mudar seus hábitos devido à pandemia.”

Quais são os fatores que mais afetam o bem-estar das pessoas em tempos de quarentena?

“O que a maioria experimenta é um aumento generalizado dos níveis de ansiedade e estresse. Isto se deve ao alto grau de incerteza gerado pela pandemia e o potencial impacto ou ameaça àquilo que é primordial para as pessoas (saúde e estabilidade econômica).

A combinação desses fatores pode desencadear maior irritabilidade, instabilidade emocional, aumento de condutas como consumo de comida, álcool e cigarros, problemas de insônia, tensões musculares, dores de cabeça, sensação de solidão, entre outros.”

O que as empresas ou líderes podem fazer para promover o bem-estar de suas equipes?

“Por si só, o trabalho remoto pode aumentar a sensação de solidão e isolamento nas pessoas, mas isso se agrava quando não é possível compensar a falta de contato social no trabalho realizando outros tipos de atividades sociais fora de casa.

Para diminuir o sentimento de solidão no trabalho os líderes podem:

  • Sempre que possível, fomentar a comunicação verbal (por ligação telefônica ou chamada de vídeo). Usar as mensagens e e-mails como complemento ou para casos que sejam mais convenientes.
  • Assegurar-se de escutar a contribuição de todos os integrantes da equipe e convidá-los a participar ativamente nas reuniões.
  • Promover hábitos saudáveis sobre alimentação, horas e qualidade de sono, descansos durante a jornada de trabalho, exercícios físicos, etc.

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