A crescente e rápida adoção de tecnologias como a Inteligência Artificial (IA) e a Automatização Robótica de Processos (RPA) podem moldar o futuro do trabalho com excelentes resultados em termos de redução de custos e de margens de erro.
Sem dúvidas, as pesquisas confirmam que a automatização e a IA por si só estão longe de assegurar um crescimento sustentável a longo prazo, e sim vai em rumo de um foco estratégico e mais amplo.
A Pesquisa Global de 2018 entre executivos preparados por Mckinsey mostrou que 57% dos entrevistados estavam automatizando pelo menos um de seus setores ou linhas de negócios. Enquanto 38% disseram que ainda não haviam iniciado no RPA, metade planejava fazê-lo em 2019. Um ano depois, muitos executivos estão descobrindo que o retorno desse investimento está longe do que eles esperavam.
Um pensamento holístico, focado no crescimento
Com base nos dados coletados pela Mckinsey dois motivos principais foram identificados que levam seus clientes a ficarem aquém dos objetivos que eles estabeleceram:
- As organizações minimizam ou não levam em consideração que ao automatizar processos específicos dentro de um negócio, as transferências e as conexões tanto na fase prévia como posterior, podem ser afetadas e darem lugar a novas ineficiências.
- Considerar a automatização como um conjunto de soluções para eliminar o trabalho podem fazer com que uma atenção demasiada seja despendida na questão da redução de custos, enquanto se descuida do potencial que o capital humano poderá oferecer.
No cenário atual, é relativamente fácil para nossos concorrentes imitarem a adoção de RPA. Topamos então com a necessidade de considerar a experiência do cliente em um sentido mais amplo, de ponta a ponta, para identificar aquelas áreas que criam maior valor e promovem nossa diferenciação. O acesso ao mundo digital tem mudado o comportamento de nossos clientes: possuem maiores e mais variadas expectativas e estão dispostos a explorarem todas as opções de mercado até se depararem com aquela que se ajuste exatamente ao que buscam.
Os novos modelos de negócio, com este caráter “personalizado” mergulham na velocidade de fornecer produtos e serviços que respondem a necessidades específicas de clientes/ usuários. No entanto, alguma confusão em relação ao futuro do trabalho pode criar resistência ao adotar uma abordagem apropriada que nos permite capitalizar oportunidades valiosas.
Conceitos errôneos sobre o futuro do trabalho
É bastante comum que a imagem do trabalho do futuro esteja povoada de fábricas fantasmas, sem interação humana, com robôs articulados que substituem os seres humanos nas tarefas. Especialmente entre os representantes sindicais, a principal preocupação que surge é se estamos falando de “Substituir os funcionários por um exército de robôs”.
Tem um termo que se tornou quase que um jargão nas conversas sobre o futuro do trabalho: “disrupção”. Mas a que nos referimos exatamente quando falamos de “disrupção”? O vídeo a seguir mostra claramente os principais questionamentos que devemos encarar quando falamos sobre repensar o trabalho.
Em geral, todas as mudanças provocam insegurança e preocupação. Nós humanos tendemos a buscar seguranças ao invés de navegarmos em mares desconhecidos. Para sobrevivermos aos desafios que deveremos enfrentar no novo cenário do trabalho, é importante que líderes e indivíduos afrontam esta ansiedade sem rodeios. E isso inclui falar abertamente de nossos planos, ao invés de nos fingirmos de surdos diante de conversas de corredor (que inevitavelmente acontecerão).
As capacidades humanas, um poder que resiste
Quem já passou quarenta anos como eu, provavelmente, viu o crepúsculo da televisão em preto e branco. Em nossa infância, brincamos com os primeiros computadores domésticos – o TI99, Mac ou Commodore – e desfrutamos dos primeiros joysticks de Atari. Talvez inclusive programamos algo em Basic ou Logo. Na adolescência, enviaremos centenas de faxes antes de arquivar a máquina de escrever em uma gaveta.
Mais tarde, quando o Windows já estava revolucionando o planeta, adentramos no mercado de trabalho sem sequer saber que a Internet estava ainda nas fraldas. Vimos celulares deslumbrantes, enormes, percorremos as primeiras páginas do Google até chegar e voar nas nuvens.
Olhando para trás, parece incrível ter aprendido um número tão grande de coisas e permanecer ansioso para acompanhar esse mundo acelerado. Bem, toda essa riqueza de aprendizado foi possível porque os seres humanos têm curiosidade, criatividade e imaginação – entre tantas coisas – que nos levam a ampliar horizontes e encontrar soluções para problemas reais.
Estas capacidades humanas são atributos pessoais, independentes do contexto que entram em jogo quando nos vemos diante da necessidade de responder a situações ou problemas. Ao mesmo tempo, são um motor de crescimento pessoal, que nos leva a desenvolver as habilidades adequadas – conhecimentos táticos que usamos em situações pontuais – para resolver problemas.
É interessante sinalizar que o futuro irá requerer um importante conjunto destas capacidades ou “habilidades naturais”, de acordo com o Informe do Fórum Econômico Mundial de 2018 sobre o futuro dos empregos. O podium estará ocupado pelo pensamento analítico e a inovação como a habilidade principal, com o aprendizado ativo e a criatividades a todo vapor:
Neste sentido, um artigo recente publicado pelo site da Deloitte aborda o tema Upskilling com um excelente abordagem: focar-se excessivamente nas habilidades que estão mudando, não faz sentido.
“Em uma economia que precisa desesperadamente cada vez mais habilidades novas, renovadas cada vez mais, o que se torna mais importante nao sao as habilidades em si e sim as capacidades humanas permanentes subjacente à capacidade de aprender, aplicar e adaptá-los de forma eficaz “.
Portanto, a disrupção provocada pela tecnologia é uma oportunidade para humanizar o lugar do trabalho, com estas capacidades ocupando o centro da cena. Se não queremos ser deixados para trás, devemos agir imediatamente, como funcionários do governo, executivos e como trabalhadores individuais.
Como as empresas estão mudando para tornar se mais humanas
A humanização do lugar do trabalho requer uma mentalidade flexível, capaz de ver as pessoas pelo que elas são, considerando todo o potencial que possuem e a estar disposto a tomar ações para preencher as lacunas que aparecem. As organizações estão descobrindo a necessidade de criarem uma cultura de experimentação na qual as pessoas vejam os fracassos e as deficiências como oportunidades de aprendizagem.
Desmentir mitos sobre o futuro del trabajo
Um dos problemas mais críticos que enfrentam as empresas são os mitos sobre o futuro do trabalho. Entre os diversos fantasmas que prejudicam ativamente a confiança dos trabalhadores podemos mencionar:
A inteligência artificial aumentará a desigualdade
No lugar de ver o trabalho em si como um papel, no futuro os trabalhos serão divididos em diferentes tarefas realizadas por diversas pessoas de acordo com os conjuntos de habilidades e competências requeridas. A inteligência artificial será extremamente útil para identificar aquelas pessoas com as habilidades e competências apropriadas.
Longe de aumentar a desigualdade, a disponibilidade de dados e dos algoritmos adequados ajudarão as organizações a visualizarem o talento oculto, tomando decisões mais justas e baseadas em dados. Todas estas afirmações não se limitam às habilidades e sempre contemplam o teamwork como o pilar fundamental do trabalho como serviço.
O futuro do trabalho será menos inclusivo
O cenário descrito no vídeo anterior e em muitos informes descrevem pessoas que se tornam irrelevantes e perdem seus empregos se não dominarem todas as novas habilidades demandadas.
A verdade é que as empresas estão vendo que não conseguem encontrar o talento necessário para lidar com todas estas novas tecnologias. Além disso, a velocidade da troca torna-se impossível para capacitar toda a força laboral em habilidades que muito em breve passarão a ser obsoletas.
Portanto, os líderes das organizações estão projetando algum tipo de estratégia que lhes permite enfrentar as mudanças antes de sofrerem algum impacto. Na era dos produtos e serviços “personalizados”, eles estão se voltando para todo o potencial humano – dentro e fora das organizações.
Apostam em uma diversidade global, que brota de diferentes contextos culturais, sociais, religiosos, de raça, gênero, incorporando as incapacidades, procurando colocar-se em dia com as habilidades necessárias de um modo criativo.
As empresas que não podem contratar novos talentos irão fechar
Dada a dificuldade de contratar novos talentos, as empresas estão revisando as reservas de habilidades em suas organizações. Eles observam que as equipes de diferentes gerações nas quais diferentes perfis podem ser combinadas estão dando resultados mais frutíferos. Ou seja, pessoas não somente com habilidades mas também com a capacidade de ler as necessidades, entender o contexto e proporcionar aportes valiosos para desenvolver respostas criativas e globais e as expectativas dos clientes e dos consumidores.
Avaliar oportunidades de habilidades
À medida que as empresas repensam seu trabalho e desenvolvem uma estratégia de longo prazo voltada à criação de valor, a avaliação de habilidades e competências se torna uma prioridade, mas tratada estrategicamente:
Habilidades: que posições precisam de habilidades necessárias para fazer frente às mudanças esmagadoras que acontecerão nos próximos anos? Como preencher estes vazios enquanto isso? Estas perguntas nos levam para duas direções:
- Melhorar as capacidades e habilidades para realizar um trabalho em particular, tendo a certeza de que estas habilidades não se tornem obsoletas
- Reinventar (ou reinventar-se): aprender a desenvolver um trabalho completamente diferente
Onde estamos agora e onde poderíamos estar?
Estas perguntas precisam de uma resposta coletiva e personalizada. A “angústia competitiva” que descreve o vídeo no começo deste artigo mutila uma parte de nossa humanidade, a paixão por aprender e crescer como seres humanos. Os líderes das organizações devem ser suficientemente sábios para compreender que existe um abismo entre ver algumas lacunas que podem ser buracos negros ou janelas para novas oportunidades.
A motivação e o empoderamento, um motor para melhorar e reinventar-se
Muitas empresas estão abrindo caminho, com decisões inovadoras para encontrar uma saída enquanto atravessam esta etapa de transição. Contam com a motivação, que é o motor humano mais potente para ajudar aos trabalhadores a encontrarem a capacitação que precisam para preencher espaços.
Aproveitando o processo natural de melhoria das habilidades que se dá nas comunidades freelancers, algumas organizações estão capacitando seu pessoal de duas novas maneiras:
- De fora pra dentro: integrando trabalhadores freelancers que possuem as habilidades para uma tarefa específica.
- De dentro pra fora: dando aos empregados algumas horas livres na semana para proporcionar a eles a oportunidade de capacitar-se em Data Camps, cursos online e comunidades de freelancers. Os trabalhadores se formam, ganham experiência e reforçam seus ganhos.
“ Uma força de trabalho híbrida com este duplo enfoque, parece ser uma opção cada vez mais válida para apontar os déficits de habilidades enquanto se traz ar fresco aos nossos postos de trabalho”.
Conclusão
O futuro do trabalho já está acontecendo.Longe de ser algo alarmante, promete deixar aos robots as tarefas repetitivas, liberando as pessoas do trabalho rotineiro para que tomem a iniciativa na criação de valor. Claro que isso exige que deixemos nossa zona de conforto para voltarmos ávidos de aprender, de inovar e de nos apaixonar.
E ninguém ficará para trás, sempre e quando dermos início ao nosso aprendizado…agora mesmo!