Como escrever para segmentos mais técnicos sem matar de monotonia o leitor (ou a você mesmo)?

Quase 60% das pessoas consideram que seu trabalho é chato.

Ou seja, mais da metade dos profissionais que trabalham para mercados que ajudam a manter a economia estável consideram que, na prática, o seu dia a dia é bastante entediante.

Como redator comercial, copywriter ou desenvolvedor de conteúdo, existe a possibilidade do seu próximo projeto ser justamente escrever sobre alguma dessas indústrias mais técnicas.

Seu trabalho é transmitir de maneira atrativa e interessante as informações que, em qualquer outro contexto, poderiam parecer totalmente monótonas.

Em meus anos como redatora, eu já escrevi blogs completos sobre tópicos emocionantes e divertidos como:

  • O hipotiroidismo em cachorros
  • Máquinas de lavar louças industriais
  • Parcelas para a contabilidade pública
  • Seguros de risco empresarial
  • Câmeras de refrigeração, etc.

Estes tipos de projetos são o pão de cada dia para todos nós que nos dedicamos a esse ramo do marketing. A melhor coisa que podemos fazer pelos nossos clientes, e principalmente por nós mesmos, é encontrar uma maneira em que a escrita, a técnica, independente do assunto ser mais monótono ou muito específico, pareça ser o assunto mais agradável possível, informativo e acima de tudo útil.

Para se tornar um Cervantes do marketing de conteúdos industriais, você não precisa esperar uma musa da inspiração mercadológica (pois ela não existe). Simplesmente considere essas 8 dicas que vou compartilhar a seguir.

1. Comece com estatísticas ou algum outro dado curioso.

Todos amamos os dados curiosos e as estatísticas. De fato, frases como “40% das indústrias metalúrgicas pertencem a iniciativa privada”, ou “Perdas devidas a erros contábeis chegam a três milhões por ano no setor de turismo” são capazes de chamar nossa atenção simplesmente porque são digeridas e nos deixam um aprendizado imediato, além de nos ajudar a contextualizar uma realidade ou um problema.

Por exemplo, veja o início deste artigo.

2. Coloque-se no lugar do leitor. Por que e como isso poderia me interessar? 

Sempre (eu disse SEMPRE?) pergunte ao seu cliente quem é a sua Buyer Persona. Na redação comercial, existe a péssima prática de começar a desenvolver conteúdos  simplesmente tendo o título do artigo.

Porém, o público alvo é muito mais determinante para o estilo e o tom da redação que o tema em si. Você precisa saber para quem está escrevendo e quais são as suas necessidades, expectativas e problemas.

Por que um gerente de compras de uma construtora se interessa por conhecer os processos de aço dobrado do seu cliente? Por que um veterinário se preocuparia com a substância ativa no vermífugo que prescreve para os filhotes de raças pequenas?

Se o seu cliente ainda não definiu a sua Buyer Persona, você pode ajudá-lo com o que ele sugere ou apoiar-se em algum especialista de Inbound Marketing para construí-lo.

O ponto é que sem a Buyer Persona, não é possível criar uma conexão em 100% com as necessidades do objetivo do leitor.

3- Sempre existem histórias humanas e interessantes por trás de uma indústria monótona.

Conectar a nível emocional e humano também ajuda a manter a atenção do seu leitor sem que ele se distraia. O storytelling é tão popular na redação comercial, justamente porque nos dá um ponto de conexão pessoal entre a informação que queremos transmitir e o usuário.

Como foi que João Silva, dono de uma pequena empresa, evitou despedir a metade das pessoas mediante a incorporação de um CRM de vendas em seu negócio?

As histórias que motivam se relacionam melhor com as soluções que são capazes de simplificar a vida das pessoas ou de ajudá-las a alcançar seus objetivos, do que com os produtos ou serviços.

4. O valor não nasce, se faz

Antes de começar a escrever um novo manual dos sistema de gestão de inventário para as empresas de hardware, invista um pouco de tempo para investigar sobre o que já foi produzido sobre este tema.

Talvez, você tenha que escrever sobre um tópico tão especializado que poderá pensar que é o primeiro em realizar esta tarefa. Porém, uma pesquisa rápida na Internet com diferentes palavras chaves, tanto em português como em inglês, mostrará que você não é exatamente um pioneiro nesse tema. A quantidade de informação disponível na rede sobre praticamente tudo é imensurável.

E isso não tem nada de mau. De fato, uma investigação te ajudará a fazer um melhor trabalho. Todos esses conteúdos já existentes podem ser analisados e usados para criar um conteúdo ainda mais completo, atualizado e com uma melhor proposta de valor.

De qualquer forma, recomendo que você converse com o seu cliente para definir a proposta de valor dos conteúdos antes de começar a produzi-los.

5. Vincule o tema com algo que seja interessante

Por que a classificação tarifária é uma dor de cabeça para as empresas importadoras?

Porque escolher um corretor de imóveis é como um encontro às cegas?

Por que o recrutamento especializado é uma corrida de resistência?

Analogias, metáforas e até mesmo senso de humor são ótimos aliados para o usuário se interessar e continuar lendo até o final.

6. Use perguntas e respostas

Se você achar difícil abordar um tópico de maneira atraente, você pode optar sempre pela abordagem do tipo “perguntas e respostas”. Ou seja, divida o esqueleto do seu conteúdo em subtítulos que respondam a uma questão específica.

  • Como otimizar seus processos de rastreabilidade de alimentos?
  • Como aderimos aos padrões ISO9001?
  • Qual a espessura mínima legal de cabos para instalações elétricas em condomínios?

Esta estratégia, além de tornar a informação muito mais fácil de ser absorvida, ajuda muito em termos de posicionamento SEO.

7. Mantenha o dinamismo no conteúdo

Todos nós ficamos cansados com a monotonia. Uma redação linear e sem organização será insuportável, mesmo se você falar sobre como os russos acabaram de iniciar o processo de colonização de Marte.

Pelo contrário, você pode estar falando sobre esterilizadores para instrumentos odontológicos e manter 100% a atenção do usuário. Você obtém isso incluindo elementos que tornam a leitura mais dinâmica.

Entre eles podemos destacar os que já mencionamos: estatísticas, dados, storytelling, analogias e humor. Mas considere também os truques básicos da escrita na web: legendas, marcadores, parágrafos curtos, etc.

8. Prefira sempre qualidade ao invés de quantidade

Algo que é muito comum no mundo da redação web é te contratarem por certa quantidade de palavras onde o briefing dos conteúdos a serem desenvolvidos inclua uma extensão máxima ou mínima determinada.

Neste sentido, mantenha a ética e o bom senso a fim de evitar encher os artigos com bobeira simplesmente para conseguir o número certo das palavras. É muito melhor que você acorde com o cliente o objetivo de cada conteúdo do que você receber uma extensão arbitrária em seu projeto por ele estar muito curto (e fazer você trabalhar ainda mais) ou muito longo (e fazer você acabar com um texto cheio de frases dispensáveis).

Pessoalmente, antes de começar com a redação de um projeto, eu mando ao cliente uma proposta de esqueleto. Ou seja, um breve resumo dos subtemas que serão abordados em cada conteúdo e qual o objetivo prático de cada um deles. Uma vez que tenho o primeiro rascunho, tiro tudo o que sobra, que geralmente é bastante para deixar a informação mais clara e direta possível.

A extensão de um conteúdo deve ser a consequência de conseguir atingir todos os objetivos que foram dados, e não é um critério em si mesmo. Ou pelo menos, deve ser um critério flexível que sempre esteja vinculado à qualidade ao invés da quantidade.

Finalmente, vale a pena confessar que, pelo menos para mim, é muito gratificante ver como um artigo que poderia ser chato se torna um conteúdo útil e estratégico para meu cliente e seu leitor.

Não esqueça de passar essas dicas para outros redatores freelancers. Lembre-se de que parte da nossa responsabilidade como profissionais é aumentar a qualidade dos conteúdos digitais.

 

Escritora, redatora e estusiasta do Marketing Digital. Adoro viajar, sou promotora do estilo de vida freela, e sempre que posso ajudo as pessoas a buscarem uma melhor qualidade de vida por meio do trabalho freelance.

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