Como destruir uma empresa antes de começar

No momento de se lançar no desafio de começar uma nova empresa, em geral, muito se fala da ideia, do tamanho do mercado, de como levantar capital, de análise de cohorts e LTV, e agora até de Growth Hacking (termo fashion e glamoroso que, sim, existe). Mas, vejo que muito pouco se fala de três coisas que têm um efeito enorme nas chances de êxito de uma nova startup: cultura, recruiting e management. Acredito que os três estão muito relacionados, e neste post eu vou falar de cultura (os demais serão abordados mais para frente).

 

Qual é a cultura de uma empresa?

É muito difícil reconhecer e definir a cultura de uma empresa. O Google e outras startups do Silicon Valley, em sua luta para recrutar o melhor talento, abriram a tendência de dar muitos benefícios como yoga, refeições gratuitas, torneios de Playstation, etc. Estas coisas são geniais, mas não definem a cultura da empresa.

Por outro lado, os valores de uma empresa tão pouco marcam a sua cultura. O deck de cultura da Netflix nos dá o exemplo mais claro disto:

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Então, qual é a cultural real de uma empresa? São as regras, tanto formais quanto informais (especialmente estas), que marcam o que é bom ou ruim de se fazer em seu trabalho. Ou, em outras palavras, tenho estes dois bons exemplos:

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E por que a cultura é peça chave para o êxito?

A medida que uma empresa cresce, a cultura vai marcar todas as milhares de decisões que as pessoas irão tomar a cada dia. Nós fundadores temos vontade de estar em tudo, e acreditamos que podemos influenciar em todas essas decisões, mas a verdade é que, se você não está buscando copiar a fábrica Ford, a nossa influência é bastante limitada. Especialmente em empresas que alcançam o êxito e começam a crescer em pessoal e alcance. Quais são as decisões das quais estou falando? Aqui vão alguns exemplos:

  • A que horas preciso chegar ao escritório? A que horas vou embora?
  • Deveria me conectar nos finais de semana?
  • Quanto posso demorar para responder o e-mail de um cliente? O mais importante em Atenção ao Cliente é responder rápido ou responder bem?
  • Eu havia me comprometido a terminar algo para quinta-feira. Finalmente não consegui. É melhor admiti-lo ou jogar a culpa para a parte de Marketing que não me entregou a campanha a tempo?
  • Se há uma festa da empresa em uma sexta-feira a noite, tenho que ir? E se vou, será ruim se eu ficar bêbado?
  • Está bem me conectar ao Facebook durante 20 minutos depois do almoço?

Estas são apenas as decisões mais fáceis. Em toda a empresa, os empregados estão tomando milhares destas decisões diariamente. E com base em que eles estão tomando estas decisões? No suposto caso em que exista um manual de comportamento (não conheço uma só startup que o tenha), ninguém irá vê-lo. As pessoas vão decidir o que fazer e como se comportar simplesmente olhando o que os outros fazem. E em uma startup ou empresa que está começando, vão observar os fundadores para se guiar sobre o que está certo ou não. Por isso, especialmente no começo, os fundadores precisam atuar pensando que o que decidimos fazer hoje será o critério que a empresa usará por muito tempo.

Posso criar a cultura da minha startup?

Lamentavelmente, a cultura não é algo que vamos poder definir em uma reunião ou anotando uma lista de valores em uma lousa. Nós, na Workana, depois de estar operando por quase 3 anos, começamos a definir a nossa Missão e Valores agora. Muitos recomendam fazer isso antes, e provavelmente eles têm razão, mas como tudo passa muito rápido em uma startup, o que é urgente termina ganhando do que é importante. Outra opção é a que disse Ben Horowitz (alguém que seguimos muito na Workana), que fala de Programar a sua Cultura escolhendo coisas que geram muito impacto com pouco esforço. Ele dá o exemplo da Amazon, que usou portas como mesas de trabalho como forma de economizar nos custos.

Eu particularmente prefiro a opção de atuar todo o tempo assumindo que o que faço é público, e que toda a empresa está olhando e analisando o tempo todo. Você quer que as pessoas sejam organizadas? Então você precisa ser o primeiro em tirar o lixo e guardar os seus papéis. Você quer que trabalhem com respeito? Trate todo mundo sempre muito bem, inclusive o entregador de pizza. Você quer que as decisões não passem sempre por você? Faça um esforço em morder a sua língua e deixe que as pessoas decidam entre elas. Quer que haja uma boa comunicação em sua empresa? Seja o primeiro a ser hiper claro no que falar, responda sempre todos os e-mails, e não confunda as pessoas com constantes mudanças de endereço. Posso continuar falando o dia inteiro, mas acho que você entendeu a ideia.

Aqui nós tivemos muita sorte. O grupo inicial de Workaneiros é incrível. São pessoas que compartilham os nossos delírios de grandeza de tentar transformar o emprego na América Latina. Além disso, todos têm muita personalidade e nos ajudaram a dar forma à cultura que temos hoje. Uma cultura que nos fascina e a qual dedicamos bastante tempo vendo como manter a medida que a Workana cresce.

Além de dar o exemplo constantemente, as outras partes que você precisa, como fundador, definir para a cultura, são Recruiting (altíssimo efeito) e management (baixo efeito). As duas são igualmente importantes para terminar de forjar e manter a cultura. Estes temas eu abordarei nos próximos posts.

Lembre-se que na Workana você pode contratar os melhores freelancers da América Latina ou conseguir trabalho remoto e independente. Comece agora.

 

Tomás,

Co-Founder de Workana

@TomasOFarrell

Co-Founder de Workana. Amante incondicional do outsourcing, a soneca, e (agora que a gente é mais velha) da bicicleta.

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